Quando
comecei a escrever, minha intenção era focar alguns
discos que fizeram a minha cabeça desde que comecei a gostar
de música. Nestes quase três anos de coluna e vários
artigos, fiquei muito honrado com a audiência que consegui
e os e-mails de internautas. Mas hoje resolvi variar. Ao invés
de focar um disco ou artista, farei algo bem pessoal: falarei
de algumas canções que habitam minha vida desde
quando era moleque e que até hoje me dão um prazer
renovado quando as escuto. Portanto, é algo explicitamente
particular e não cabe a mim dizer qual música é
melhor de determinado grupo ou cantor, apenas as que mais me pegaram
de jeito.
Espero que tenham paciência
mais uma vez com o meu texto e que gostem do repertório,
que pesquiso dentro de mim há muito muito tempo... Bem,
vamos lá então...
O que representa uma canção
em nossa vida? Por que certas melodias nos trazem boas ou más
recordações? O primeiro beijo, um fora, o primeiro
emprego, uma canção que você ouvia quando
estava deprimido, alegre, quando brigava com seu melhor amigo,
uma que sua mãe punha para você dormir. Enfim, música
está tão impregnada em nossas emoções,
como um bom livro, um filme, um gesto. Você pode até
não ter sua lista ou nunca ter parado para pensar nisso,
mas com certeza, é pego algumas vezes quando escuta aquela
velha canção tocando no rádio e diz: “puxa,
há quanto tempo não ouvia isso!” ou então
“nossa, agora me lembrei de fulano...” Pois é,
faz parte da nossa vida, da nossa formação, não
importa o estilo se é brega ou não. Algumas canções
que escreverei aqui arrepiarão para quem pensam que eu
só curto rock. Eu adoro rock, mas fui criado no interior,
ouvindo muita MPB, alguma música clássica, tive
um terno branco igual ao de John Travolta em Os Embalos de
Sábado À Noite. Portanto, YMCA é
tão importante na minha vida quanto Just Like a Woman.
Alguns amigos me disseram para não ser tão explícito
em uma coluna, mas não souberam me dizer o motivo. Não
vejo o que há de errado em gostar de Village People e de
Bob Dylan, assim como gostar de Miles Davis e de uma banda punk
de garagem. Tudo é música. O conceito de bom ou
ruim deixa de ter importância quando você se identifica,
seja através da melodia, da letra, ou das recordações.
Escrever sobre música é inglório, por isso
não me atrevo muito a ficar julgando ou dizendo “compre
compre isso” ou “você está completamente
por fora se nunca ouviu esse disco!”. De que isso serve?
Eu apenas escrevo do que gosto. Cabem a vocês julgarem se
representam algo para si ou não. Elogios, críticas,
enfim, isso é parte do jogo. O mais importante é
poder passar algo, mesmo que de uma forma limitada.
Bem, chega desse papo. Já
estou me desculpando antes de tomar porrada. É meu jeito,
eu próprio me ataco antes de ser atacado. Faz parte da
minha personalidade. Um dia, talvez, eu fale mais disso. Por enquanto,
deixe me focar nas minha velhas companheiras, sem uma ordem de
preferência. Vou falando das canções que vierem
na minha mente....
YMCA
(Village People) - Quem disser que nunca dançou ao
som dela, mesmo que bêbado, ou fora de si, estará
mentindo. Por um simples motivo: é impossível resistir!
Quando a onda disco estourou, eu era muito moleque, uns oito ou
nove anos. Eu me lembro de ter assistido Embalos de Sábado
à Noite e fiquei enchendo minha mãe para
me dar um terno igual ao do Travolta. Essa cena é inesquecível..
eu estava com ela e minha avó materna em uma loja da rua
Augusta, nas minha férias, quando pedi um terno. A loja
inteira explodiu em risadas, e eu, que já era tímido,
queria me esconder. Mas acabei ganhando. Naquela época,
meus cabelos eram super encaracolados, eu tinha imensos olhos
azuis e chegava nas festas produzido. Dois segundos depois, quando
as pessoas olhavam para mim, meio que me gozando ou achando divertido
meu visual, eu tirava o paletó de vergonha. A primeira
vez que consegui dançar com a roupa completa, foi em uma
festa dessas de criança tocando YMCA. Minha mãe
mexia comigo dizendo porque eu tinha pedido um terno já
que nunca o usava. Neste dia, me lembro bem, as luzes estavam
apagadas. Aproveitei que poucos podiam me ver, fiquei no canto
mais escondido da sala e comecei a dançar e rodar. A canção
acabou, mas eu continuava a girar, de olhos fechados. Quando abri,
todo mundo me observava e alguns riam, outros aplaudiam. Eu queria
sumir. Até que uma linda garota (não me recordo
seu nome e nem de nunca mais tê-la visto), me deu um beijo
no rosto e disse: “você é muito mais bonito
que o Travolta”. Como poderia odiar essa canção?
Até hoje, quando estou triste ou animado, a coloco bem
alto e me lembro da cena. Por onde ela andará (a garota,
não a canção)?
WE ARE THE CHAMPIONS (Queen)
- Outra que todo mundo se lembra, mesmo quem odiava o Freddie.
Eles eram mestres em fazer canções pegajosas, daquelas
que todos sabiam a melodia, a letra e até o gestual. Meu
primeiro disco que considero da minha coleção foi
o Queen Live in Rock in Rio. Ouvi tanto que até
hoje procuro uma cópia desse mesmo disco, verdadeira peça
de colecionador.
BORDERLINE
(Madonna) - Mais uma que deve estar arrepiando os roqueiros
e que me chamarão de traidores. Não estou nem aí.
Outra com ligações fortíssimas da minha infância.
Lá por 1980, 81, era o auge da patinação
no Brasil. Eu adorava vir para São Paulo e ir com meus
primos mais velhos aos ringues ficar horas e horas girando feito
uma barata tonta, com os olhos fechados, ouvindo música.
Meus pais tinham me dado aqueles patins que você colocava
por cima do tênis, mas eles sempre saiam do pé e
tombo era inevitável. Então descobri um lugar que
faziam botas de couro para colocar em cima das fôrmas. Se
não me engano, o cara se chamava Damasceno e era um terço
do preço de um patins de marca. Todo mundo fazia isso em
Ribeirão. Adorava tanto patinar que saía pelas ruas
andando, aproveitando que meu bairro naquela época era
pouco habitado. Essa música da Madonna sempre tocava nas
pistas. Ela nem era famosa ainda, apenas mais uma cantora tentando
o sucesso. Eu nem entendia o que ela falava, mas quem disse que
isso era importante? O legal era abrir os braços e andar
pela pista, sentindo-se livre.
O
QUE SERÁ (Chico Buarque) - Minha mãe sempre
gostou de música. Quando eu tinha cinco, seis anos, colocava
seus discos de coleção, tipo Beatles (ela tinha
os originais que saíram aqui... Hard Day's Night
era chamado de Reis do Ié Ié Ié) e muita
MPB. Adorava Chico e Elis. Essa canção do Chico
é do disco “Meus Caros Amigos” (até
hoje o conservo comigo) e ele dividia os vocais com Milton Nascimento.
Nem imagino quantas vezes a ouvi.
MARCHA TURCA (Mozart)
- Influência do meu pai. Quando morávamos em Ribeirão,
ele bolou um sistema de som para a casa: haviam cinco cômodos
que você podia ouvir música: na sala de visita, no
terraço, na piscina, no escritório e no quarto dele.
Bastava você ligar ou desligar caso não estivesse
com vontade. Por muitas noites, ele colocava um disco de música
clássica, e fazia um “truque” que permitia
o disco tocar um lado inteiro a noite inteira. Alguém se
lembra daquela série Bravo da Som Livre? Eu ouvia o dia
inteiro. Mas essa do Mozart conheci aos 11 anos, quando fiz minha
primeira viagem ao Pantanal com meu pai, em pleno mês de
outubro, quando ele tirava férias no hospital, e íamos
pescar. Adorei tanto que voltava e voltava sem parar a fita durante
a viagem.
FASCINAÇÃO (Elis Regina) - Toda vez que ouvia
essa canção, chorava. A voz de Elis era uma coisa
do outro mundo, você sentia a dor dela interpretando cada
nota. Acho que só Billie Holiday me impressionou tanto.
Nem Ella Fitzgerald, minha cantora favorita, conseguia transmitir
tanta emoção. Me lembro que muitas vezes meus pais
ficaram me olhando quando eu ouvia esse tipo de canção
quietinho, concentrado. O que será que eles pensavam ao
ver essa cena? O que a voz dela representou para mim? Até
hoje não sei dizer. E ainda existem pessoas que se atrevem
querer comparar Marisa Monte com ela.. Só rindo mesmo...
STAYIN'
ALIVE (Bee Gees) - Que heresia tentar me esquecer desta! De
onde vocês acham que peguei o terno branco? Em minha modesta
opinião, a melhor música disco já feita.
Tá bom, eu sei que o grupo tem raízes no rock e
que os fãs torceram o nariz quando eles caíram de
boca na onda. Mas pelo menos fizeram algo memorável! Os
vocais, aquele visual setentão, de longos cabelos e barbas
(que até hoje conservam), o ritmo... Junto com “How
Deep is Your Love”, deixaram marcas profundas em muita gente,
que hoje juram odiar esse tipo de som. E o gozado é que
já vi muitos deles rebolando quando toca...
PARTY GIRL (U2) -
Alguns já vão começar a respirar mais aliviado,
finalmente começo a entrar no rock... Essa eu já
tinha um pouco mais de idade, uns 15 anos. Já comentei
isso na coluna que falei sobre o Under a Blood Red Sky,
mas não custa voltar ao passado. Eu estava com o pé
quebrado e peguei uma fita do show de Red Rocks com um colega
meu. A banda nem sequer era conhecida aqui e a fita era impossível
de se achar. Eu adorava essa canção, porque falava
de algum tipo de festa (meu inglês era péssimo e
o Bono com a mania de engolir palavras, dificultava mais ainda
meu entendimento) e eu imaginava como deveria ser esse tipo de
festa. A cena mais legal era quando ele se aproximava do The Edge,
tocando violão, e ficavam dançando lado a lado,
como bons colegas de escola. Quando, por acidente, a danifiquei,
queria morrer. Anos depois, comprei uma importada e devolvi ao
Gustavo, que quase me esfolou na época.
HEAVEN KNOWS I’M
MISERABLE NOW (The Smiths) - Nem sei dizer se é a minha
favorita do grupo, teria mais umas 10 pelo menos para falar. Mas
vale por ser o primeiro disco deles que comprei (Hatful of
Hollow), e gostei tanto que tenho até hoje duas cópias
em vinil. Aquela tristeza na voz de Morrissey, aquela guitarra
de Marr e a melancolia que o grupo passava mudou minha vida para
sempre.
LOVE
WILL TEAR US APART (Joy Division) - Mas logo a carne de vaca
da banda? Sim, e sabe o motivo? Porque é perfeita, linda.
Impossível imaginar que um cara com menos de 23 anos compôs
algo tão profundo sobre relacionamentos. Todo mundo sabe
que ela nunca saiu em LP oficial da banda, mas quando a Stilletto
lançou o Closer, a colocou para puxar as vendas.
Mas meu Closer era anterior a isso. Em 1986,
eu ganhava 100 cruzados (acho que era essa a moeda... me perdoem
se estiver equivocado) do meu pai, por semana. Eu gastava 75 em
disco e 25 em uma fita Hot Tape da Basf, ou seja, meu dinheiro
ia para o beleléu. Naqueles tempos de vacas gordas (por
que ganhamos dinheiro de parente quando somos crianças
e pouco precisamos e não quando ficamos maiores e realmente
é uma necessidade?) todo mundo me dava dinheiro de Natal
e de aniversário (são próximos). Há
anos eu namorava um Closer pirata que meu colega
Osvaldo (até então era apenas um cliente da loja)
pedia 600 cruzados, oito vezes o preço normal de um disco!
Mesmo assim, encarei e comprei. O som era qualquer nota e quando
coloquei a primeira música (não me lembro qual)
quase saí correndo ao ouvir aquela voz gutural. Senti medo.
Coloquei então em "Love Will..." e gostei. Fui
ouvindo, ouvindo, mas não tinha muita coragem para fazer
o mesmo com as outras canções. Achava diferente
de tudo que havia ouvido. Nunca mais saiu da minha cabeça.
OCEAN RAIN (Echo and The
Bunnymen) - O meu primeiro disco da banda foi a coletânea
Songs to Learn and Sing, então era natural que minha
canção saísse de lá. Mas mesmo adorando
o disco, a canção que mais me chamou atenção,
estava no Ocean Rain. Todo mundo cita “Killing Moon”
como a preferida deles, mas ela me pegou pelo modo lento como
começa, sinuoso.. eu sempre tive queda por canções
desse tipo. Ao vê-los tocando aqui em São Paulo,
em 1987, e executando-a no palco, fiquei arrepiado. Se o show
tivesse acabado naquele instante, eu já me daria por feliz.
KING OF PAIN (The Police)
- Essa é particularmente difícil de escrever, porque
tem muito a ver com uma certa pessoa a qual não vou abrir
o jogo aqui. Mas como estou sendo honesto e falando das que mais
gosto, não poderia me furtar a listá-la. Por acaso,
estou a ouvindo neste momento, e a versão que mais gosto:
ao vivo, do disco Live!.
HEAVEN (Talking Heads)
- A melhor canção do melhor disco deles (Fear
of Music). Achei uma porrada esse LP, quando o comprei. Não
esperava ouvir algo tão elaborado. Adorei essa balada (se
é que posso chamá-la assim) e a letra, particularmente
fácil de traduzir. Não gosto muito de explicitar
as letras, porque tenho medo de falar besteira, mas a imagem que
me passava era muito forte. Até escrevi uma poesia medonha
em cima dela (e que nunca ninguém leu, graças ao
bom Deus). David Byrne é um dos meus letristas preferidos.
GOLDEN YEARS (David Bowie)
- Station to Station não foi minha primeira aquisição
do Bowie, mas é junto com Young Americans
meu disco favorito de sua carreira. Ele afirmou que compôs
sonhando em vê-la cantada por Elvis. Eu não imagino
outra pessoa cantando a não ser David. Aliás, deve
ser o cara mais difícil para se fazer uma “cover”.
É impossível fazer uma coletânea do sujeito,
dizer quais suas melhores e piores músicas. Apesar de estar
no auge destrutivo de sua carreira, conseguiu fazer uma obra-prima.
A primeira frase, “Não venha me dizer que sua vida
não está indo a lugar nenhum”, até
hoje me persegue.
BRAND NEW DAY (Van Morrison)
- Um marco na minha vida. Faz parte de Moondance, o primeiro
cd que comprei. Tinha acabado de adquirir o aparelho e tinha grana
apenas para um disquinho. Fiquei rondando as galerias de São
Paulo atrás de um perfeito. Como sempre, comprava algo
que sequer imaginava. Eu já tinha o Astral Weeks
e quando vi o Moondance na prateleira, achei uma boa aquisição.
Quando chegou na oitava faixa, eu não acreditava: voltei
umas 300 vezes. Minha primeira música favorita dele.
SO
WHAT (Miles Davis) - Outra daquelas que é ouvir e descobrir
que é inútil não ouvi-la N vezes. Meu primeiro
Miles (Kind of Blue). A abertura, com a linha de baixo
e o sax de Coltrane, me fazia ficar arrepiado. Quando comprei
o disco, fiz uma fita e ficava ouvindo no carro, enquanto minha
mãe ia a um terapeuta e eu esperava calmamente. Em um período
tumultuado da minha vida, aquele “cool jazz” era o
remédio perfeito.
BROWN SUGAR (The Rolling
Stones) - Essa canção de Sticky Fingers
(meu segundo LP deles, o primeiro foi Dirty Work), fez
deste álbum o meu preferido do grupo. Junto com "Wild
Horses", acabou me fazendo fã deles. Paralelamente
enquanto minha paixão por música crescia, minhas
notas desabavam mais e mais. Comprei em 1986, um ano depois de
tomar meu primeiro pau na escola e acabei ficando amigo de um
professor maluco que tive de História na escola, que era
obcecado por Stones. Conquistei a amizade dele (por onde andará?)
quando ele começou uma frase: “A Inglaterra só
deu duas coisas boas ao mundo...” e na lata, completei:
Os Beatles e os Rolling Stones. Ele parou, olhou e veio na minha
direção. Pensei que tinha entrado em uma fria, mas
acabou me dando parabéns e me passando uma lição:
trazer uma letra traduzida do grupo para a próxima aula
e comentá-la. Para minha alegria, esqueceu do pedido. Mas
tinha traduzido "Brown Sugar", ainda que porcamente.
MISS OTIS REGRETS (Ella Fitzgerald) - Hoje até gosto
mais dela cantando canções dos Gershwin, mas esse
songbook do Cole Porter foi tão importante quando já
morava aqui em São Paulo, que comprei um livro com todas
as letras dele. O mais incrível é que ela pegou
uma canção pequena do repertório de Porter
e a fez um clássico. O jeito de cantar, cool, quase como
se declamasse, natural (parece que não fazia nenhuma força
para soltar a voz) deve ter feito muita gente achar que cantar
era fácil.
JUST LIKE A WOMAN (Bob
Dylan) - Aqui estou cometendo uma injustiça. Deveria
estar falando de “Ballad of a Thin Man”, pois Highway
61 Revisited foi meu primeiro disco dele
e adoro essa canção. Mas quando ouvi "Just
Like..." tudo foi para os ares. Mesmo com sua voz fanhosa
e que no começo me irritava, Dylan me fascinava por fazer
canções tão belas uma em cima da outra. O
diabo era achar as letras e traduzi-las, mas foi a primeira dele
que consegui fazer isto. Levei um bom tempo para passá-la
para o português e mais um tanto para entendê-la.
Mesmo depois de tanta audição e reler a letra zilhões
de vezes, não cheguei a uma conclusão. Mas se pudesse
voltar ao passado e “roubar” uma letra de qualquer
artista, nem pensaria duas vezes: seria essa!
IN
MY LIFE (The Beatles) - Citar uma dos Beatles é complicada
e acho que cometo outra injustiça. Minha mãe gostava
da fase mais pop do grupo (coisas como "I Wanna Hold Your
Hand", "Help!", "Yesterday") e foram
essas que mais me marcaram. Mas quando comprei Rubber Soul
(meu disco favorito deles) e a ouvi, achei incrível que
pouca gente falasse nela. Ou que ouvisse falar pouco dessa música
e desse disco (todo mundo cita Revolver e Sgt. Pepper's
como os melhores). E Rubber Soul? E "In My Life"?
SPANISH BOMBS (The Clash)
- Essa canção me marcou por uma razão inusitada:
quando comprei o vinil de London Calling ela sempre pulava.
Troquei a cópia, mas acontecia o mesmo. Depois fiquei sabendo
que a CBS era mestre em produzir discos com defeitos. Mas adorava
essa música! Junto com a faixa-título, "Brand
New Cadillac", "Clampdown", me fizeram amar a banda.
HOLIDAYS IN THE SUN (Sex
Pistols) - Mais um daqueles presentes que só minha
mãe me dava. Eu estava em casa, em Ribeirão, doente
e ela perguntou se eu queria algo do shopping. Como tinha acabado
de ser (re)lançado aqui no Brasil (alguém depois
me diga), o Never Mind the Bollocks, pedi para comprar.
Só tinha lido sobre a banda, mas nunca ouvido. "Holidays"
é a faixa de abertura. Começa com uma marcha militar
e de repente aquela selvageria toda. Quando toquei pela primeira
vez, quis colocar em um volume alto para ver qual era a reação
que afinal os Pistols provocariam em mim. Minha mãe entrou
correndo no quarto berrando que merda era aquela, e eu em choque,
disse que também estava me fazendo a mesma pergunta...
risos. Teve o mesmo efeito de Closer e demorei muito muito
tempo para digerir aquele disco, outro que me dava medo. Mas hoje
é impossível passar dois dias sem ouvi-la.
THE WHOLE OF THE MOON
(The Waterboys) - Um dos cinco discos que mais ouvi (This
is the Sea) traz essa linda canção. Até
é uma injustiça citar apenas essa, pois gosto de
todas. Quando montei minha primeira banda imaginária, meu
sonho era abrir um show com "Don’t Bang The Drum"
(a primeira também do LP) e seguir com "The Whole",
como no disco. Até hoje sonho em fazer isso. Só
falta montar minha banda, que nunca saiu da minha imaginação...
Bem, isso é um rascunho.
Falta falar ainda de tanta gente (Hendrix, The Who, etc...) e
de músicas que ao relembrar vou me arrepender de não
ter falado. Talvez, em uma outra oportunidade, faça uma
segunda lista. Um abraço a todos!
PS: Para terminar, deixe
eu colocar um parênteses. Antes de postar, mandei uma cópia
para as minhas irmãs Adriana e Juliana lerem. A Ju, caçulinha,
me lembrou de um disco clássico na nossa infância
(não vale rir...é sério): um disco de cantos
de pássaros! Meu pai fazia parte da Sociedade Brasileira
de Bicudos e Curiós (são aves, para quem não
sabe) e ganhava essas preciosidades nas feiras. Pena que o tal
LP não existe mais, valeria um verbete. Alguém sabe
o que é acordar no sábado pela manhã com
esse disco infernal pela casa inteira?
Pronto, agora libero os pobres
leitores que chegaram (heroicamente) até o fim dessa coluna,
para vomitarem...
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