Eu sempre gosto de dizer que tem louco para
tudo. E parece que sete deles são meus fiéis leitores.
Só isso explica o motivo de ter recebidos e-mails (nenhum
me xingando, incrível!) quando fiz a coluna Velhas Companheiras
falando de algumas canções de minha vida. Gostaram
tanto que pediram outra. O chato aqui disse não, afinal
estão querendo me tornar popular (risos).
Mas confesso que não
resisti à tentação e alguns outros pedidos
insistentes, sendo que cinco deles ameaçaram não
ler mais minhas resenhas. Aí eu tremi. Meu ibope só
irá aumentar quando minha sobrinha Isadora aprender a ler,
mas como ela ainda está com 1 ano e 9 meses, percebi que
tenho que manter essa multidão fantástica, ou corro
sério risco de ter que ligar para minha mãe e pedir
para começar a me dar um apoio, o que seria para ela uma
tortura tripla (entrar na internet, ler meus textos e ainda me
elogiar. Mas por isso que mãe é uma só) e
não achei justo com quem já me colocou no mundo
(eu não pedi, mas vim) e me criou. Então, para não
entristecer meu fã-clube, mesmo sabendo que cada vez mais
perco outro tipo de leitor, vou satisfazer a sanha. E lembrem-se:
ainda dá tempo de ir ao banheiro ou mudar de página
(mas não saiam do site!)
Canções,
canções, canções. Eu sou daquele tipo
que sempre procurou mensagem em livros, músicas, filmes
e até em rótulo de Toddy. Sempre gostei de saber
o que as pessoas falavam mesmo quando não tinham nada a
ser dito. Mexer os quadris, balançar a cabeça não
era suficiente para mim nas festas. Acabei ficando muitas vezes
um chato. Imagine um músico clássico que vai a uma
festinha quando criança e ao tocar uma música qualquer,
começa a reclamar: “ih, esse vocalista desafinou,
nossa, esse guitarrista não sabe tocar outra nota, o baterista
precisa de umas aulas de coordenação motora...”
O que acontece com o sujeito? Ou as pessoas saem de perto ou é
saído pelos outros aos tapas e pontapés. Antigamente,
eu teria pena dele, mas hoje concordo com os outros. Você
não é obrigado a estar onde não quer, pelo
menos depois que já aprendeu a andar, somar dois mais dois
e escolheu seus amigos. Se vai a lugares apenas para ser sociável,
então cale a boca e faça exatamente aquilo que se
propôs. Minha intenção não é
mostrar conhecimento ou ecletismo. É simplesmente falar
um pouco de mim através da música. Como não
tenho talento para escrever uma, uso as que mais gosto.
Antes de começar
a falar delas, uma pergunta: o seu estômago vai bem?
WALKING ON SUNSHINE
(Katrina & The Waves) - Quando fiz a primeira esqueci
dessa, simplesmente a canção pop preferida da minha
adolescência. Adorava o vídeo, a voz rouca, o visual
de Katrina e o bem-estar que me causava sempre que a ouvia. Curiosamente
não comprei o LP do grupo na época, e nunca soube
explicar o motivo. Mas justiça seja feita agora.
INSTANT
KARMA! (John Lennon) - A primeira vez que a ouvi foi
naquele disco Live In The New York City, lançado
em 1986 e que a Globo passou o vídeo no finado “Clip
Clip” (bons tempos). Eu gravei e tenho a fita até
hoje. Gostei da canção, apesar de achar um terror
aquele solo de sax no meio da música. Aliás, esse
disco não prima pelo acabamento. Mas quando consegui a
versão em estúdio dela e prestei atenção
na letra, fiquei ainda mais chapado. Lennon foi um mestre em mostrar
nossas limitações. E nessa canção,
para mim, atingiu seu ápice. Frases do tipo “O Carma
Instantâneo te pegará/ e irá te encarar nos
olhos/É melhor você se acostumar, querida e juntar-se
à raça humana” mostra que ele e os Beatles
não foram apenas um acidente em nossas vidas.
THIS IS THE DAY
(The The) - Diferente de Katrina, essa eu só ouvi
quando vim morar em São Paulo, em 1988. Dei muita festinha
e dancei muito ao som alegre e voz grave de Matt. Pena que não
se façam mais canções como essa hoje em dia.
SULTANS
OF SWING (Dire Straits) - Eu simplesmente adorei o duplo
ao vivo Alchemy quando comprei. Essa canção
eu gosto particularmente de duas coisas: meu instrumento dos sonhos
sempre foi bateria e o vídeo dessa música mostra
Terry Williams executando com tanta precisão que você
pode prever quando ele sairá voando. Mark Knopfler é
o “one-man-show”, mas não para mim nesse maior
clássico do grupo. Vale registar que Alchemy
é o disco anterior ao mega-sucesso Brothers in
Arms e meu predileto deles. Eu não sei quantas
zilhões de vezes eu apaguei a luz do meu quarto, liguei
no talo, cantei a letra e solava continuamente a guitarra de Mark
e a bateria de Terry. A única coisa que posso garantir
sem medo de errar é que caía de exaustão
ao final. Uma das maiores recordações de minha adolescência.
TRAVESSIA
(Milton Nascimento) - Quando eu tinha 13, 14 anos fui
surpreendido por alguém da minha família no meio
da madrugada ouvindo esse disco sem parar. O quarto estava com
uma luz fraca, eu sentado no chão, de olhos fechados e
cabeça baixa. Acho que foi a primeira crise de depressão
que tive. Milton mexeu muito comigo quando menino e essa letra
pesada foi uma das mais belas criações já
produzidas. O efeito é ainda devastador e ouço poucas
vezes, por medo.
BOYS DON’T
CRY (The Cure) - Minha canção favorita
do grupo. Sempre adorei a simplicidade dela, sua letra e o vídeo
divertido. E muitos anos depois fiquei fascinado com o filme de
mesmo nome. Não era deprimente, apesar da letra não
ser alegre. O tipo de single que eu daria um braço para
ter escrito.
BECAUSE THE NIGHT
(Patti Smith) - Aqui o bicho pega. Não basta o
piano na introdução, a bela voz de Patti, a linda
letra de Bruce, ainda teve que fazer parte do período mais
turbulento da minha vida? Eu era uma criatura noturna, vivia trancado
na redação da Folha e mostrava para todo mundo que
passava como se tivesse descoberto uma mina de ouro. Alguns gostavam,
outras me olhavam pensando se eu estava drogado. Que nada, eu
estava apaixonado!
MOON OVER BOURBON
STREET (Sting) - Antes de comprar um LP do Police, comprei
o primeiro do Sting. Adorei o disco e em especial essa balada
inspirada no livro Entrevista com o Vampiro.
Nunca achei que fosse um grande vocalista, mas aqui sua voz rouca
casa como uma luva e prova que ele era mesmo a força criativa
da banda.
SHOUT (Tears for
Fears) - Sempre que a ouço me lembro das minhas
aulas de inglês, em Ribeirão Preto. Quando fez sucesso,
uma professora linda de morrer que eu tinha traduziu a letra em
sala de aula (aliás, o que mais gostava dessa escola de
inglês é como usavam o dia-a-dia para nos ensinar
e semanalmente pegavam alguma música de sucesso, traduziam
e mostravam a construção dela, achava isso sensacional)
e começou a berrar punha “tudo para fora” acabei
gostando mais ainda do grupo. E dela... (não falo da canção)
REBELDE SEM CAUSA
(Ultraje a Rigor) - Todo garoto do interior bem nascido
(também conhecido como agroboy) achava graça na
letra, que de fato, é gozada. Mas ninguém olhava
seu próprio umbigo. Era o retrato dos meus amigos que consegui
romper o cordão umbilical e dar adeus. E sabe o que mais
me espanta? É que quase vinte anos depois, alguns continuam
o mesmo!
A CRUZ E A ESPADA
(RPM) - OK, Paulo Ricardo conseguiu queimar seu filme
a partir do segundo disco e com uma carreira-solo para lá
de medonha. Mas o RPM teve méritos inegáveis e ele
era um bom letrista e faziam lindos arranjos. “Havia um
tempo em que eu vivia um sentimento quase infantil/Havia o medo
a timidez/Todo um lado que você nunca viu” é
um belo começo. Mas por que depois as pessoas desaprendem
a compor assim?
THE UNDEFEATED
(Iggy Pop) - Sinto não estar citando os clássicos
de primeira hora ou mesmo com os Stooges, mas Brick by
Brick é um disco do caralho, um belo registro
de rock and roll honesto e bem executado. Iggy pode não
ser um filósofo como Lou Reed ou Dylan, mas dentro de seu
despojamento consegue ser uma das figuras mais emblemáticas
e importantes do rock e mostrar que também conhece o sinônimo
da palavra diversão sem precisar deixar de ser Iggy.
LUKA
(Suzanne Vega) - O que não faz a falta de conhecimento
de língua estrangeira. “Luka” era uma das campeãs
das festinhas e todo mundo dançava em cima, até
que um dia uma pessoa chegou e me disse: “como alguém
pode dançar com essa canção, você já
ouviu a letra, é deprimente!”. Isso nunca saiu da
minha cabeça e quando consegui traduzi-la depois de infinitas
consultas naqueles dicionários de bolso, vi que era verdade.
Uma criança era espancada e a gente dançando. Mas
não continuamos fazendo o mesmo em várias coisas
e até mesmo quando escritas em português?
RISE (PiL) -
“Anger is an energy” (Raiva é um tipo de energia)
é o tipo de frase que não precisa mais ser explicada.
Quando Album foi lançado era uma porrada
e o grupo esteve aqui pouco tempo depois. Já não
bastava contar com o enlouquecido e genial Lydon, ele chamou para
as gravações figurinhas tipo Steve Vai e Ginger
Baker. O resultado? Toque...
CREEP (Radiohead)
- Eu não sou desses caras que ficam babando por
esse grupo que fez coisas pentelhas, mas não posso esquecer
dessa música. “Eu queria ser especial, muito, muito
especial”, e as guitarras guinchando no pico mostram que
se quisessem apenas fazer canções mais simples,
seriam muito maiores do que são.
PRIVATE
IDAHO (B-52’s) - A banda mais divertida e simpática
do planeta! Todo mundo curte o B-52’s, mesmo quem acha o
som deles descartável e bobo. Não dá para
não gostar deles, do visual, das danças, dos vídeos
cafonas, das perucas, da alegria contagiante. Adeus bandas dark,
adeus preto, adeus tristeza! É ligar bem alto e sair pulando
pela rua de felicidade. Puta canção!
SHE SELLS SANCTUARY
(The Cult) - A única coluna em que recebo sistematicamente
pauladas é sobre o Cult. Todo mundo odiou quando eu disse
que a banda tinha virado uma grupo de segunda linha de hard ou
uma cópia do Guns. Eu não ligo para críticas,
é para isso que no site existe um mural e quem escreve
deixa um e-mail para contato. Mas o que eu queria dizer era o
seguinte: um grupo que produziu tantas canções sensacionais
em sua primeira fase, que era chamado da nova revolução
do rock, que tinha um guitarrista espetacular, um vocalista carismático
e competente, ficou muito aquém do que podia quando resolveu
ampliar seu público. Os três primeiros deles eu adoro,
mas depois, justamente quando estouraram para valer, perderam
a graça ao resolverem largar um pouco suas origens. “She
Sells...” é a prova de como o Cult era bom. E mantenho
minha opinião.
SUBSTITUTE
(The Who) - Meu grupo favorito dos anos 60. Excepcional
banda de singles e um dos pioneiros do chamado rock conceitual
ou ópera rock, o Who é lembrado muito por Tommy
ou pelas estrepolias de Pete ou Keith e poucos mencionam o fato
de Townshend ser um dos melhores letristas que já surgiram.
RODA-VIVA (Chico
Buarque) - Chico foi muito bom. Mas muito bom. Bom demais.
Pena que depois esses caras abortem tão rápido e
não consigam voltar a ser como antes. Meu letrista brasileiro
favorito disparado e essa é a melhor dele, o que equivale
dizer (em minha modesta opinião) ser a melhor canção
que esse amado país já produziu. Nem precisava ter
o MPB4 nos vocais, mas se era possível tentar fazer algo
perto da perfeição, porque não tentar né?
Obrigado, Chico.
CUPID
(Sam Cooke) - Ah, Sam Cooke, a melhor voz negra, branca,
parda, roxa ou lilás desse e de qualquer planeta de qualquer
galáxia remota do mais longínquo quiprocó
do universo! Um de minhas maiores alegrias foi conseguir uma cópia
da coletânea The Man and His Music que
até pouco tempo estava fora de catálogo até
em CD (não sei se já voltou). Período específico
da minha vida: primeiro semestre de 1997, quando eu vivia de bicos
e ouvia Sam sem parar. Quer derreter o coração de
alguém e ainda mostrar bom gosto? Tente com essa música.
DIRTY BOULEVARD
(Lou Reed) - Meu disco favorito do homem é New
York e já o resenhei. E sou apaixonado por essa
música. Lou é um daqueles cantores que como Dylan
ou Chico possuem uma voz muito limitada, mas que sabem usá-las
com economia e valorizá-la. Um dos poucos cdrs que tenho
é da festa dos 50 anos de Bowie, no Madison Square Garden,
em 9 de janeiro de 1997. David chamou Lou e detonaram quatro canções,
sendo essa uma delas. Ficou do cacete! Mas o original ainda é
melhor.
DANCIN'
DAYS (Frenéticas) - Aqui vale a mesma idéia
do Village People na Velhas Companheiras anterior.
Pode esbravejar, dizer que é musica de afetado, que você
jamais dançou ao som dela. Sei... E Papai Noel e Coelhinho
da Páscoa todo ano te visitam também, não
é?
DANCING WITH MYSELF
(Billy Idol) - Primeira coisa que falam ao mencionar
Idol: punk fabricado! Segunda: sua participação
esdrúxula no filme The Doors. Detalhe:
Billy foi punk sim e de primeira hora e dos bons. Segundo: o filme
é uma porcaria, uma visão distorcida e caricatural
do que foi Jim Morrison. E terceiro: Billy foi um belo artesão
de canções dançáveis, ainda que fizesse
beicinho e pose de macho. Uma combinação perfeita
de guitarra pesada, vocal gritado, com muito ritmo.
TREM
DAS ONZE (Demônios da Garoa) - Eu não me
lembro onde li, mas parece que essa é a canção
popular brasileira mais executada no país e o grupo deu
uma entrevista, anos atrás, dizendo que precisam tocar
“Trem das Onze” várias vezes em um mesmo show.
Coitado dos velhinhos, acho que não agüentam mais
isso. Mas eu não me canso de ouvi-la. Uma daquelas que
se aprende por osmose desde pequeno. Toca em qualquer lugar, em
qualquer hora. Não tem como escapar. Essa é uma
prova que às vezes a osmose pode ser benéfica.
LITTLE
WING (Jimi Hendrix) - Jimi foi o homem que mudou o destino
do instrumento para sempre, com seus solos complicadíssimos
e que pareciam estarem sendo executados por dezenas de guitarristas.
Mas nessa canção “romântica” (ao
estilo hendrixiano, claro) está uma das mais belas e subestimadas
canções dos anos 60.
CAN'T TAKE MY EYES OFF OF YOU (The Boys Town Gang) -
Até hoje tenho uma coletânea da Jovem Pan por causa
de duas canções: “YMCA” e essa. Eu não
me lembro quando e nem como entrou na minha vida ou a primeira
vez que a ouvi. Só sei que foi para sempre. O mais curioso
sobre grupo da época disco é que eles gravaram uma
outra canção que eu adorava quando menino, mas não
sabia que eram deles e só descobri anos depois, por acidente:
“Remember Me/Ain’t No Mountain High Enough”.
Tenho uma coletânea deles só por causa dessas duas
pérolas da minha infância.
AIN’T NO
MOUNTAIN HIGH ENOUGH (Marvin Gaye e Tammi Terrell) -
Já que falei dela em cima, vou fazer direito. Nos anos
60, Marvin já era um monstro e quando resolveu fazer esse
duo com Tammi, atingiu os céus das paradas. Você
já ouviu, pode ter certeza, seja em filmes, comerciais,
a famosa osmose. Vendo um especial do homem na televisão
meses atrás, contam que ele ficou arrasado com a morte
da cantora precocemente. Embora nunca tenham tido um affair, Marvin
a achava sua alma gêmea musical. Tire 2 minutos e 27 segundos
de seu tempo para ouvir e comprovar.
TRY A LITTLE TENDERNESS
(The Commitments) - Tá, eu sei, eu tinha que falar
da versão de Otis Redding, que aliás é genial,
mas eu sou produto dos anos 80 e 90 e a ouvi pela primeira vez
no filme. Essa é uma banda que vou fazer uma coluna só
deles. Impressionante que um branquela que nem era cantor profissional
quando foi selecionado para a película tivesse tanto potencial.
Arrepiante.
BLUE
RONDO A LA TURK (The Dave Brubeck Quartet) - Minha porção
chique e metida, amante de jazz. Dave Brubeck é o líder,
mas o gênio era Paul Desmond, considerado por especialistas
como o dono do fraseado mais sensual e “cool” que
o sax já teve. Essa é faixa de abertura do disco
Time Out e supera, de longe, a imortal “Take
Five”.
ROMARIA (Elis Regina) - Nas duas Velhas Companheiras
apenas Elis e Chico foram citados. Estranho para um colunista
de rock? Talvez. Mas é aquele papo, o que é bom
independe do estilo. E Elis é um desses furacões
que passam pela Terra de tempos em tempos. Para quem sabe do que
eu escrevo, cito Steve Wynn para quem mandei um CD dela: “Wow
man, I loved her!”
CHEGA
DE SAUDADE (João Gilberto) - Parece que deixei
a canção para o final por causa do título,
mas na verdade, saiu por acaso. Uma feliz e grande coincidência.
João Gilberto é considerado daqueles caras excêntricos,
chatos e rotulados como ultrapassado, o do cantor de voz baixa,
banquinho e um violão. Triste que pessoas pensem assim
e não conheçam essa verdadeira obra-de-arte que
atingiu um status inacreditável com esse homem que não
suporta nem espirro quando se apresenta. Faltou citar que é
um dos maiores violonistas do século passado, para quem
quiser saber algo mais.
Bem, com “Chega de
Saudade” espero ter satisfeito a curiosidade dos meus sete
leitores (curiosidade: quantos de vocês chegaram até
aqui?) e digo que não pretendo fazer uma terceira, por
vários motivos: não sou Stallone, não quero
mais falar de canções que me marcaram e não
sei se conseguiria montar mais uma lista desse tamanho. Ao menos,
ela poderá ter um efeito medicinal: para curar a ressaca.
É só ler, correr para o banheiro, dedinho na garganta
e...
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